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Em greve, professores também querem melhoria no ensino

última modificação 06/04/2015 10:42
Duas professoras da rede estadual, uma na paralisação e outra em atividade, falam da profissão

Publicado em 06/04/2015 10:15 
Última atualização às 10:42
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Em greve, professores também querem melhoria no ensino
Isabel Gasparotto durante as assembleias da APEOESP no vão do Masp da av. Paulista - Foto: Arquivo Pessoal
THAÍS VALVERDE
Da Redação*
Os professores da rede estadual de ensino de São Paulo estão há mais de 20 dias parados. Porém, desde que começou a greve, no dia 13 de março, o movimento não está apenas reivindicando um reajuste salarial de 75,33%. O professorado exige também melhoria na qualidade de ensino, com o fim das salas superlotadas, implementação da jornada do piso, fim do assédio moral, entre outros. Ainda não há propostas do governo estadual.
Neste ano, pela primeira vez atuando em um dos comandos de greve, Isabel Gasparotto, 35, professora de história e na rede estadual há 13 anos, disse que o importante é informar a categoria sobre as reivindicações. “Minha rotina é visitar as escolas, tentar esclarecer outros docentes e participar dos atos públicos”, contou Isabel, que já participou de outras paralisações.
Para a professora, esta greve é diferente das outras. “Muitos professores se afastaram da luta sindical. Em compensação, os alunos estão apoiando. Acredito que eles também estão reconhecendo a decadência da escola pública.”
De acordo com um levantamento feito pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), só no último ano, foram fechadas mais 3.000 salas nas escolas da rede estadual da Grande São Paulo, sendo 300 no ABC.
Com o fechamento, as salas ficam superlotadas. Umas das reivindicações dos professores é a reabertura de classes e o imediato desmembramento das salas superlotadas. Além disso, exige-se no máximo 25 alunos por sala desde o primeiro ciclo do Ensino Fundamental ao Ensino Médio.
Isabel relata que suas dificuldades dentro das salas de aulas são indisciplina e falta de interesse dos alunos, mas acredita que são os anos lecionando que ajudam a lidar com os problemas.
“Vejo que os professores perderam muitos direitos nos últimos 10 anos, mas, apesar de tudo, costumo dizer que não vou mudar de profissão, que vai ter que melhorar, ser valorizada”, disse a docente.
Com o mesmo nome, mas em uma situação diferente, está Isabel Regina Albano Gomes, 49, professora de português com experiência de 25 anos na rede estadual e prestes a se aposentar.
Esta é a primeira vez que Isabel Regina não entra em greve. “Se eu me ausentar, colocam suplente. Fiquei mais descrente nos últimos anos”, disse.
Para Isabel Regina, duas coisas que mudaram e afetaram muito o ensino da rede estadual foram a Progressão Continuada e a falta de estímulo das famílias.
Progressão Continuada é um alargamento do conceito de período escolar, que, em vez de o aluno ser avaliado em anos, o critério passa a ser em ciclos. Na rede estadual de São Paulo, o Ensino Fundamental tem três ciclos: do 1ª ao 3º ano, do 4º ao 6º ano e do 7º ao 9º ano. Ao final de cada etapa, o aluno pode ficar retidos três vezes.
“Este sistema não é totalmente ruim, pois terminou com a situação de alunos que ficavam retidos várias vezes. No entanto, afetou a qualidade, o interesse dos alunos pelos estudos diminuiu muito”, comentou a professora.
Isabel Regina reconhece que na escola pública existe maior liberdade para elaboração das aulas. Há anos, ela realiza com os alunos um concurso de verbos. “Recentemente, publiquei uma foto com os vencedores e a minha professora de português da época do colégio comentou. Ela disse estar feliz por eu manter a chama viva”.
Sempre que abre um novo curso oferecido pela rede estadual aos professores, Isabel Regina participa. Um deles foi sobre como desenvolver um blog, que resultou no site “Na Boa... Isabel”, ativo desde 2013 e que contabiliza ao todo 50 mil visualizações.
“Em uma sala com dez computadores e 40 alunos, apliquei também o que aprendi com os alunos. No blog, dou dicas de redação, de leitura e gosto de dar destaque para os alunos que mais se empenham”, afirmou.
Questionada sobre o futuro da profissão, o tom da resposta é de desânimo. “O sistema é muito diferente do de quando eu entrei. O novo professor vai enfrentar muitos desafios para reconquistar a valorização que se perdeu com os anos”, disse a docente.
*Esta reportagem foi produzida por estagiários da Redação Multimídia da Universidade Metodista de São Paulo
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