Capítulo 1 - O amor viaja de ônibus.






         Cecília levantou-se num pulo só.
         _ Ai, meu Deus, atrasada de novo!
         Despiu-se  rapidamente, foi  ao banheiro, voltou toda atrapalhada, estava mais uma vez atrasada para aula de Educação física. Felizmente, aulas de Educação física eram somente duas por semana e às oito horas e meia da manhã. Não era um horário tão cedo, mas para Cecília... Ela enfiou a camiseta, o shorts vermelho que a deixava mais gorda, calçou a meia três quartos, as congas, foi saindo sem mesmo tomar um leitinho e ajustando a saia ao redor da cintura,  saiu  praguejando. Nem se despediu da mãe, estava atrasada realmente! A mãe, assim como ela tinha sérios problemas para acordar cedo.
         _ Quem inventou uma saia dessas? Só pode ter sido  a penta neta de quem inventou o espartilho...
         A saia fazia parte do uniforme de Educação física. Branca e toda pregueada, ela era toda aberta, parecia uma enorme faixa, possuía dois colchetes em uma das pontas, então para que ela ficasse fixa ao corpo, havia, como se chamava  na época, duas “casinhas” feitas de linha, onde os colchetes magicamente se encaixavam. Eram feitas assim para durarem muito, os quatro anos de ginásio, se possível, afinal a cada ano crescia-se e engordava-se um pouquinho, daí era só trocar o lugar dos colchetes e a saia continuaria servindo. O “shorts” era de brim vermelho, bem fofo, tinha elásticos nas coxas além da cintura e deixava quem o usava,  com a aparência de  um cogumelo de ponta cabeça. Não é preciso dizer que as meninas o detestavam. As meias três quartos e a conga branca  até que eram harmoniosas. A camiseta era uma camiseta branca, comum, apenas com o emblema da escola na frente. Assim era o uniforme de Educação física. Cecília o acha horrível, acreditava que o dito a deixava ainda mais gorda.
          As meninas já se encontravam ao lado da professora e esta fazia a chamada.
         _ Cecília, atrasada novamente...
         _ Sabe, pssora Nice, o despertador não despertou, aí, né?
         _ Cecília , conta outra, essa você contou na terça...
         _ Mas, pssora...
         _ Uma volta a mais que as outras na quadra e ...
         _ E surpresa, mais uma aula de queimada! – disse Cecília entre dentes.
         _ O que você falou Cecília?
         _ Eu falei que a senhora é muito amada, pssora!
         _Ah, bom! Rápido, meninas!
         Ao terminar a quarta volta pela quadra, Cecília estava ofegante e entrou no time que estava perdendo. Há “queimadas” em que existe a regra que  mão é livre, mas não para D. Berenice, ela fazia questão que toda parte do corpo fosse  válida, dizia que assim tornava o jogo mais vibrante. Com o que Cecília discordava , pois assim,  muitas garotas com medo de tentar pegar a bola e deixá-la cair e serem "queimadas", ficavam o jogo todo desviando da bola, tornando o jogo bem monótono. Se não fosse por Cecília e Simone que conseguiam pegar a bola e encaixá-la no peito, para em seguida “queimar” a oponente  atirado a bola  rapidamente,  o jogo não teria fim nunca!
                O time que Cecília entrou estava perdendo. Simone estava fazendo a festa, “queimando” sempre que conseguia encaixar a bola. Depois da entrada de Cecília, aos poucos o jogo foi ficando equilibrado. Cecília foi “queimando”, “queimando” até que restou apenas três pessoas, Cecília e Débora de um lado e Simone do outro, poderia se dizer que o jogo estava mais para Cecília do que para Simone, já que no time de  Cecília havia mais uma componente. Mas, não era bem assim, Débora era daquelas que só desviavam da bola. Então, era Cecília versus Simone. Qual  das duas se deixasse queimar perderia o jogo. Se Simone fosse queimada primeiro o jogo acabaria no ato e se fosse Cecília a queimada, em seguida, Simone fatalmente eliminaria Débora e venceria assim a partida.
                O jogo já estava durando mais de meia hora. Cecília olhou desanimada para a cadeira em que a professora costumava ficar. Vazia. As outras garotas todas no “cemitério” gritando o nome das respectivas jogadoras de seus times. Mais cinco minutos e nada, ninguém estava se arriscado muito.  A bola atirada do ‘cemitério” em direção à Cecília  parecia que ia chegar, mas foi interceptada por Simone que não perdeu tempo e atirou com toda a força para queimar Cecília e ela com incrível agilidade encaixou a bola no peito, virou-se e atingiu Simone bem nos tornozelos, impedindo-a de fazer a defesa. Cecília   saiu para o abraço! Saiu correndo e gritando  pela quadra como se tivesse ganho um medalha olímpica ou vencido uma copa do mundo. Foi direto abraçar as meninas que estavam no 'cemitério” .Só então sentiu uma forte bolada nas costas. Olhou para trás, já sabendo que ia encontrar Simone, que de tão vermelha parecia até um pimentão. Ao mesmo tempo houve uma gritaria e Cecília não teve dúvidas, correu em direção à Simone, pegou-a pelo braço e a rodou, rodou, depois soltou-a. Simone estava levantando-se quando a professora chegou. Ela nem estava lá no momento da briga, Cecília até achou que pudesse se safar, mas sempre há as fofoqueiras de plantão.
                _ Obrigada, Tânia, por me chamar. Então, posso saber que são as encrenqueiras?
                Silêncio!
                _É bom falarem logo. Ou todas serão punidas.
                Sem abrir a boca, Cecília deu um passo à frente, seguida de Simone.
               _ Ah, Pois, sim! Tinha que ser uma das duas! Cecília e Simone. As duas estão suspensas. Duas aulas!
                Cecília ficou indignada, a professora nem estava na quadra para evitar o que aconteceu e quem iria puni-la por isso? Com muita raiva sem pensar falou:
            _ Só?
            _ Quatro então para você, dona encrenqueira!
                É, Cecília,  agora,  estava em maus lençóis.

Aguarde o próximo capítulo. 

5 comentários:

  1. vish mas que professora mais atenciosa com as alunas em ... !!
    Tadinha da cecília , ela não se deu muito bem ....

    Estou Muito Ansiosa com o Próximo Capítulo .. :D

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  2. Ai Ai ! Cecília ! coitadinha de você ...

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  3. Coitada da Ceci haha espero ansiosamente pelo próximo cap.

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  4. o que será que aconteceu
    kkkkkkkkkkkkkkkk

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