Capítulo 2
O caminho
nunca pareceu tão longo. A ladeira parecia mais inclinada do que realmente
era. Cecília queria e não queria chegar em casa. Queria porque estava exausta,
queria um banho e não queria porque
teria que enfrentar a mãe. Dona Eulália não era boba, não e do jeito que era Cecília,
logo descobriria que algo havia acontecido. Afinal, o que aconteceu de verdade?
Cecília não parava de pensar em como explicar para mãe. Nunca havia sido
suspensa. E ainda por cima, não tinha certeza se tinha sido suspensa só das
aulas de Educação física ou das aulas da tarde também.
Cecília estudava no horário vespertino das 15h10’ às
19h10”. O horário de Educação física era de manhã, dessa forma, o aluno nunca
ia suado e fedido para aulas de matemática, português etc. Isso significava que
ela teria que ir à tarde e esperar para ver o que aconteceria.
Chegou a casa, tentou disfarçar e foi logo para o
banheiro. D. Eulália do tanque gritou:
_Será, é você?
_ Sim, Mã, sou eu. Cheguei!
Foi direto para o banheiro e quando saiu levou o uniforme
para lavar. Lembrou-se da última vez que esteve em tal situação e se lembrou da
vez em que na quinta série, junto da Eliane, no intervalo, saíram escondidas
por um vão no muro, foram até a esquina próxima, na banca de jornal comprar
figurinhas. Cecília lembrou com saudade da febre que foi o álbum Galeria de Personagens Disney. Lembrou-se que nem foi suspensa, só levou advertência, a
mãe ficou furiosa, disse que daquela vez nem contaria ao pai, já que o seu José
trabalhava o dia inteiro e não merecia algo assim quando chegasse em casa. Mas,
se houvesse algo parecido mais uma vez, mais uminha, ela contaria ao pai, assim que chegasse ao
portão. Cecilia chegou perto da mãe e disparou.
_ Mãe, fui suspensa!
_ O quê?
_ Mã, fui suspensa quatro dias da física, mãe, olhe que
bom, vou poder te ajudar mais de manhã e...
_ Dona Célia, não me venha com tramoias, por que a
senhora foi suspensa?
_ Mã, se sabe que sou a melhor na queimada e encaixo a
bola e...
_ Célilia estou perdendo a paciência..
_ Então, briguei com a Simone e a professora nem estava
na quadra, ela é muito folgada...
_ Cecilia, o problema aqui é você, não sua professora,
sabe o que eu penso, professoras são como segunda mãe e devem ser respeitadas,
sempre! Quatro dias? Dessa vez vou contar para o seu pai. Sem saber o que ele
vai fazer, o meu castigo você já vai saber,
agora. Dois finais de semana sem ir à casa da sua prima Regina. Só vai à
missa, nem no grupo de jovens vai ficar, está de castigo... E bem que você
merecia uns belos safanões, briguenta...
Cecília sabia que nem adiantava reclamar, era melhor
ouvir calada e não provocar mais ainda a ira da mãe. Foi arrumar o quarto e ficou
pensando que ainda teria que passar por um perrengue, ir à tarde para escola e
descobrir se tinha sido suspensa desse horário também.
Terminou de arrumar a cozinha do almoço, fez a tarefa de matemática e começou a se arrumar para a escola. Pegou a saia do uniforme, pensando que essa não era tão feia como a da educação física, mas que era absurdamente desconfortável, já que não havia shorts por baixo, por isso tinha que ficar o tempo todo com as pernas fechadas ou cruzadas. A saia era azul marinho de tergal, com uma única prega na frente, a camisa branca também de tergal, tinha no lado esquerdo o emblema da escola, como ainda não tinha muito seios, usava uma camiseta branca regata, Cecília não via a hora de usar sutiã, afinal, já estava na oitava série e não tinha um, a maioria de suas amigas já usavam desde a sexta, outras desde a quinta e ela ainda na regatinha. Pegou e lustrou os sapatos colegiais, calçou as meias e depois os sapatos. Pegou o material e foi descendo a ladeira, lembrou-se de como subiu o mesmo caminho, muito angustiada e agora não estava sendo diferente. E se a diretora Norma mandasse-a de volta.? Que humilhação! Pensou que ao menos teria que rezar a oração à pátria, ir para a sala e ficar aguardando, não havia outro jeito. Como se já não tivesse tantos problemas em sua vida, ainda mais essa.
Terminou de arrumar a cozinha do almoço, fez a tarefa de matemática e começou a se arrumar para a escola. Pegou a saia do uniforme, pensando que essa não era tão feia como a da educação física, mas que era absurdamente desconfortável, já que não havia shorts por baixo, por isso tinha que ficar o tempo todo com as pernas fechadas ou cruzadas. A saia era azul marinho de tergal, com uma única prega na frente, a camisa branca também de tergal, tinha no lado esquerdo o emblema da escola, como ainda não tinha muito seios, usava uma camiseta branca regata, Cecília não via a hora de usar sutiã, afinal, já estava na oitava série e não tinha um, a maioria de suas amigas já usavam desde a sexta, outras desde a quinta e ela ainda na regatinha. Pegou e lustrou os sapatos colegiais, calçou as meias e depois os sapatos. Pegou o material e foi descendo a ladeira, lembrou-se de como subiu o mesmo caminho, muito angustiada e agora não estava sendo diferente. E se a diretora Norma mandasse-a de volta.? Que humilhação! Pensou que ao menos teria que rezar a oração à pátria, ir para a sala e ficar aguardando, não havia outro jeito. Como se já não tivesse tantos problemas em sua vida, ainda mais essa.
Mal Cecília chegou na fila e foi rodeada.
_ Então, Ciça,
como foi? -perguntou, Cristina, sua melhor amiga.
_ Castigo, sem casa da prima, sem grupo de jovens e nem
sei ainda o que meu pai vai fazer. Uma surra talvez.
_ E ai, Ciça, fez da Simone roleta? - perguntou o
Sérgio.
_ Mais ou menos! Mas, se aquela fofoqueira da Tania não
tivesse avisado a professora, nada disso teria acontecido. Ainda bem que aquela
cretina não estuda na nossa sala, aguentá-la na EF já é o ô.
_ E agora? Será que você vai ser suspensa também da
tarde?
_ Espero que não Edileusa, espero que não.
Soa o sinal e todos entraram em fila para a famigerada
oração à Patria.
Ciça sentou-se na sua cadeira e só ela podia ouvir o
tambor que estava batendo furioso no seu peito. A primeira aula era Educação Moral e Cívica e a professora dona Ione era bem boazinha. Ela entrou na sala, pediu para que eles tirassem os materiais e começou
a aula, Cecília olhava para o relógio, e via o ponteiro arrastando-se. Dezesseis
horas, logo daria o sinal e a nada da dona Norma, ainda bem.
Deu o sinal para a
segunda aula e o professor Ademar de matemática entrou todo sorridente. Ele
lecionava matemática, Cecília odiava matemática, mas gostava muito do
professor. Em certo momento da aula, ele perguntou:
_O que foi dona Cecília, está muito quieta hoje?
Ela ia responder mais a chata da Solange respondeu por
ela.
_ Professor, ela brigou na EF hoje e foi suspensa...
_ É mesmo?
E assim a turma toda fica muito feliz, pois não era sempre
que tinha um motivo para dar uma “enrolada” na aula.
Depois do intervalo, dona Isolda, a bedel apareceu na
porta. Cecília soube imediamtemente, que sua hora havia chegado.
Vish .. coitada da cecília
ResponderExcluirEstou muito ansiosa para o próximo capítulo .... :D
ai meu Deus, to até curiosa agora !!! kkkkk
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