Capitulo sete - O amor viaja de ônibus

                   

             - Pare de chorar, Cris! Amanhã seus olhos nem abrirão de tão inchados..
           - Como Ciça? Como ele pode fazer isso comigo? De onde ele foi tirar aquele pau de cutucar estrelas?
            - Ao que parece, ela estuda na sala do Gê, ela já está no Colegial, é mais velha que a gente....
             - Mais velha, mais linda, ai, vou morrer, ahahahahaha 
              -Cris, chega vai, vamos dormir, eles só dançaram, nada mais, acho que o Ademir fez isso só para se aparecer. Sabe que você está na dele e quis mostrar que é o tal..
              - Você acha isso mesmo, Ciça?
               - Acho, e se eu fosse você, dava uma gelada nele, só para ele aprender, amanhã, amanhã não, daqui a pouco, na reunião de jovens eu dava a maior bola paro o Alfredo, só para ver a cara dele..
                 - Você tem razão e você e o Gê?
                  - Bem,  o Gê é mais tímido do que eu pensava. Vamos dormir um pouco, senão amanhã não conseguiremos ir à missa. Boa noite Cris.
                 - Boa noite, Ciça.
                  Na manhã seguinte as duas foram à missa e depois á reunião de jovens, Cris fez o que Ciça sugeriu e Ademir estava atônito, não conseguia disfarçar seu aborrecimento em ver Cristina toda derretida para o lado de 
Alfredo. E Geraldo mal olhava para Ciça . Cecília sentia que Geraldo a estava observando, mas quando ela procurava seu, olhar, ele se esquivava, ele era realmente muito, muito tímido.
             Entre encontros e desencontros, as férias de julho acabaram, as aulas voltaram e,finalmente, Ademir criou coragem e pediu Cristina em namoro. Imagine uma pessoa felicíssima, essa  era Cristina.
              -Ai, amiga, eu estou tão feliz...
                -Sei... Você já falou, duzentas mil vezes..
                - Ai, ela beija tão deliciosamente bem..
                 - Sei... Você já falou, quinhentas mil vezes..
                  -Pô, Ciça, que bela amiga, hein? Você tinha que está feliz por mim, afinal, eu sou sua melhor amiga..
                   - E eu estou, Cris, mas, meu, já faz um mês que vocês estão namorando, Cris, Hahahahahah, um mês, parece que foi ontem, cara...
                      - Ai, miga, eu sei, eu sei, eu sei, mas é tão bom,  você vai ver quando for com você... Acho que vai ser logo..
                       - Sabe Cris, acho que nunca vou viver um amor como esse seu...
                         -Ah, Ciça, claro que vai, o Gê é devagar mais logo, olha o Dê demorou mais, taí ó..
                            -Mas, acho que eu não gosto do Gê como você gosta do Dê..
                              - Bobagem, deixa ele te pedir em namoro e te beijar, aí vc vai ver..
                               - Sei não..
                               - O Dê me contou e pediu para não te contar, até parece, mas, o Dê me contou, que hoje, depois da reunião na casa do 
Alfredo, o Gê vai pedir para te acompanhar ate sua casa e vai te pedir em namoro..
                                 - Verdade, Cris?
                                  - Verdade!
                                   -Ai, Ai..
          Ciça foi para casa e começou a aprontar-se para a reunião. É hoje! Ela estava agitadíssima. Não podia  passar de hoje. Ele a pediria em namora e ela, por Deus, ela aceitaria. Arrumou-se com esmero. E saiu para noite.
            Durante a noite, na reunião, Geraldo pouco olhava na direção de Cecília, ela já estava angustiada. Será que Ademir mentiu, inventou, ou a Cris estava tão feliz que estava delirando? Resolveu passar perto dele uma, duas vezes, na terceira, ele olhou para ela e sorriu, o coração de Ciça deu um tombo. Ai meu Deus, ai meu Deus. A reunião estava divertida, Alfredo no violão, todo mundo cantando, a hora avançando, o pessoal começando a se despedir. Cecília achou que era o momento de ir embora e começou a  se despedir, foi quando sentiu um toque leve nas costas, virou-se, era Geraldo, com um sorriso largo no rosto.
                  - Já vai, Cécilia?
                   - Sim, Geraldo, já são quase dez e meia e preciso estar em casa às onze...
                    - Posso te acompanhar? 
                     - Claro!
                    Ai meu Deus, ai meus Deus!
                    Os dois saíram pelo corredor estreito, seus corpos quase se tocando, estava uma noite fria, embora fosse novembro! Andaram um bom percurso calados. Esse Geraldo é mesmo muito tímido, pensou Cecília. Então ela resolveu puxar assunto.
                     - Você está no último ano do colegial, né? 
                      - Sim, estou!
                       Ai, meu Deus, ai meu Deus! 
                     -Você está adiantado, você tem dezessete anos, não é?
                       -É que eu faço dezoito no final de dezembro e você tem quinze, nê?
                        -  Isso, completo dezesseis em maio!
                         - Então, ano que vem primeiro colegial, vai fazer normal ou tecnico?
                        - Vou fazer tecnico, ja resolvi! Assim quando terminar, jã posso arranjar um emprego para pagar minha faculdade, quero fazer letras, quer ser professora de português, ou secretaria  
                            - boa,! 
                             - Sabe, né, hoje em dia é preciso correr atras do que se quer, se você ficar esperando as cosa acontecerem, vai ficar comendo poeira, não é verdade? 
                               - É.
                               Ai meu Deus ele não fala. Ai meu Deus, ai Deus.
                 Os dois subiram a ladeira assim, conversando. Ou melhor, a Cecília falando. Quando foram chegando perto da casa de Cecília, eles foram andando mais devagarinho e ele pegou no braço dela e a fez parar. E bem de frente ao portão da casa dela, ele perguntou: 
                             - Cecília, você quer namorar comigo?
                              Cécilia demorou uns segundos para processar a pergunta.
                               Ai meu Deus, ai meu Deus.  O que faço agora?  
                                Cecília estava suando frio, sabia que se dissesse sim, sabia o que viria e não poderia se esquivar do beijo, encheu-se de coragem e respondeu : 
                                - Sim.
                                   Respondeu sim e já ia virando-se para entrar, quando ele, bruscamente  a puxou pelo braço e a beijou. Foi um beijo longo! Cecília imediatamente retribuiu. Sentiu a língua grossa e molhada invadir a sua boca e instintivamente soube o fazer, soube como agir,  tanto tempo de treino serviu para alguma coisa. O beijo terminou, ela abriu os olhos e olhou para ele.
                                      - Nos vemos sábado, na casa da Cris? 
                                       - Sim! 
                                        Se despediram com um selinho, Cecília entrou e inevitavelmente pensou: 
                                         Então é isso?

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