Na boa, o tempo vai, o tempo vem, o tempo voa!
Parece que foi ontem! Eu morava em um bairro da zona leste, Vila Industrial.
Vila Industrial que de indústria não tinha nada, porém de vilinha tinha tudo.
Tudo o que as vilas têm, ou seja, nada! Não havia praças de lazer, não havia
biblioteca, não havia água encanada, não havia esgoto e, pasme, não havia
escola infantil, por isso entrei diretamente no primeiro ano. Mas, por incrível
que pareça, entrei alfabetizada. Minha mãe, enquanto lavava roupa, ia me
ensinando e, eu com a minha lousinha, ia descobrindo o mundo das letras, como
elas se juntavam e formavam nomes dos irmãos, primas, foi um choque o nome do
meu tio Heitor, com uma letra que não tinha som, achei tão sem sentido...
Bem, porém minha incursão no mundo da leitura aconteceu
bem antes de ser alfabetizada, de uma maneira bem inusitada. Meu pai tinha uma
porção de livros, ele fazia as coleções da editora Abril, como por exemplo:
“Conhecer”, “Grandes Personagens da História,” eu folheava tudo, achava interessante,
no entanto, foi através de uma marca de
sabão em pó, acredito que era o RINSO,
que eu descobri Monteiro Lobato, em cada
embalagem vinha um fascículo, o que deixava minha mãe de cabelo em pé, pois eu
queria acompanhá-la às compras para que ela não trouxesse capítulo repetido. Eu
queria fazer a compra todo o dia.
Minha mãe é a melhor mãe do mundo, sempre tão ocupada e ainda
assim, ela arranjava um tempinho para ler os fascículos para mim, ora ela, ora
meu pai.
Que delícia. É só fechar os olhos e
ainda sinto o perfume do sabão em pó, o som das vozes deles, é só fechar os
olhos e aqueles momentos voltam e aquecem minha alma, fortalecem o meu
espírito.
E, como o Lobato é fantástico! Se a
língua materna dele fosse o inglês, com certeza ele teria muito mais
reconhecimento. Seria considerado no mundo todo, como é aqui no Brasil, o gênio
da literatura infantil.
Gente, como eu viajava por aquele Sítio...
Entre bonecos falantes, quitutes deliciosos e uma avó que todos deveriam ter.
Uma viagem que me fez conhecer um mundo do qual nunca mais pude sair, o mundo
mágico dos versos e frases.
Por Isabel Albano

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